terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Gil Vicente

Quem foi afinal Gil Vicente?

        Não se sabe ao certo muito acerca de Gil Vicente. A maior parte das informações que temos acerca do escritor foram decifradas a partir das obras que escreveu.
       A data de nascimento de Vicente continua a ser uma incógnita, sendo atribuídos os anos que vão desde 1460 a 1470, sendo 1465 o mais aceite. Da mesma forma, também não se sabe ao certo onde terá nascido, sendo atribuídas várias regiões de Portugal para o seu nascimento.
        Gil Vicente casou-se com Branca Bezerra, de quem teve 2 filhos, e mais tarde quando esta faleceu voltou a casar-se com Melícia Rodrigues, tendo tido no total 5 filhos.
         O seu primeiro trabalho foi uma peça em castelhano chamada "Monólogo do Vaqueiro", que foi representada nos aposentos da rainha D. Maria. O sucesso das suas obras foi tão grande que os reis para os quais Gil Vicente desenvolvia as suas peças convidaram-no a tornar-se responsável pela organização dos eventos palacianos.
         Pensa-se que morreu em 1536,em lugar desconhecido,porque é a partir desta data que se deixa de encontrar qualquer referência ao seu nome nos documentos da época, além de ter deixado de escrever a partir de então.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Poesia de António Nobre

Quando Chegar a Hora

Quando eu, feliz! morrer, oiça, Sr. Abbade,
Oiça isto que lhe peço:
Mande-me abrir, alli, uma cova á vontade,
Olhe: eu mesmo lh'a meço...

O coveiro é podão, fal-as sempre tão baixas...
O cão pode lá ir:
Diga ao moço, que tem a pratica das sachas,
Que m'a venha elle abrir.

E o sineiro que, em vez de dobrar a finados,
Que toque a Alléluia!
Não me diga orações, que eu não tenho peccados:
A minha alma é dia!

Será meu confessor o vento, e a luz do raio
A minha Extrema-Uncção!
E as carvalhas (chorae o poeta, encommendae-o!)
De padres farão.

Mas as aguias, um dia, em bando como astros,
Virão devagarinho,
E hão-de exhumar-me o corpo e leval-o-ão de rastros,
Em tiras, para o ninho!

E ha-de ser um deboche, um pagode, o demonio,
N'aquelle dia, ai!
Aguias! sugae o sangue a vosso filho Antonio,
Sugae! sugae! sugae!

Raro têm de comer. A pobreza consome
As aguias, coitadinhas!
Ao menos, n'esse dia, eu matarei a fome
A essas desgraçadinhas...

De que serve, Sr. Abbade! o nosso pacto:
Não me lembrei, não vi
Que tinha feito com as aguias um contrato,
No dia em que nasci.

António Nobre, in «Só»

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